Como posso saber se os sonhos estão me
dizendo alguma coisa da parte de Deus?
(Priscila Olímpio, Rio de Janeiro – RJ)
Osiel Gomes
Compreender os sonhos
tem sido uma ação constante do homem, durante toda a sua existência. Historicamente,
isso pode ser provado na vida de muitos povos. Por exemplo, para os judeus os
sonhos serviam como uma revelação divina, mas de três maneiras eles faziam suas
intepretações acerca dos sonhos: Primeiro, eles diziam que os sonhos poderiam
ser interpretados espiritualmente, como revelação direta de Deus, segundo,
afirmavam que os sonhos poderiam ser apenas reflexões normais da vida
cotidiana, servindo como uma mensagem para melhorar alguns aspectos da vida,
tanto física como material, e me terceiro, afirmavam que os sonhos poderiam ser
vistos apenas como um tipo de aviso.
O filosofo Bérgon
acreditava que os sonhos tinham ligação direta com os sentidos e a memória,
fazendo assim uma ligação entre ambos. Sigmund Freud afirmava que os sonhos
eram apenas a realização de algum desejo, que servia como um meio para livarar
o homem de energias negativas. Para os fisiologistas os sonhos são apenas
rações dos estímulos externos. Muitas dessas definições têm ligação com o que
dizia o rei Salomão:
“Porque da muitas
ocupação vêm os sonhos...” (Ec 5.3).
Nessa polissemia,
quanto à questão da definição precisa dos sonhos, existem aqueles que veem os
sonhos apenas como um reprocessamento mental de coisas que já aconteceram,
outros, como no caso de Jung, dizia que os sonhos eram mensagens simbólicas, e
através dessas mensagens poderia se buscar o equilíbrio para algumas áreas da
vida. É nesse prisma que os sonhos são avaliados como solucionadores de
problemas, daí a razão para muitos buscarem as interpretações dos mesmos.
Diante de tudo o que
está sendo exposto, podemos fazer a seguinte indagação: até onde podemos
considerar os sonhos como revelação direta de Deus para nós? Primeiro é preciso
que analisemos as Escrituras, porque tanto no Velho como no Novo Testamento os
sonhos não são apenas reprocessamentos mentais, reflexões da vida cotidiana,
mas a maioria deles estão ali registrados como revelações direta de Deus para
expressar a sua vontade (Gn 28.12; 37.5; Dn 1.7; 2.1). O mesmo acontece nas
páginas áureas do Novo Testamento, os sonhos que José, os magos e a mulher de
Pilatos tiveram, (Mt 1.20; 2.2-13; 27.10) não foram apenas sonhos fisiológicos
ou reprocessamento mental das coisas que aconteceram, nesses sonhos estava expresso
a vontade de Deus, como também o aspecto profético.
Os profetas do Velho
Testamento tinham consciência que muitos sonhos não passavam apenas de reflexos
vazios, coisa sem sentido, (Ec 5.7), e também sabiam que para a formação moral
espiritual do povo o que deveria ser pregado era a Palavra do Senhor, pois, nem
sonhos, nem visões estavam no mesmo nível dela, é isso o que diz o profeta
Jeremias, (Jr 23.28).
Os sonhos podem ser
considerados como uma revelação divina, quando eles trazem uma mensagem de iluminação
sobre algum tipo problema, fala sobre alguma necessidade espiritual ou dá algum
tipo de instrução moral. Mas o cristão sabe que a sua vida não pode ser
dirigida por sonhos, visto que a Bíblia mostra que não são os sonhos que devem
nos ensinar, mas sim a Palavra de Deus, é Ela que é útil e proveitosa para
tudo, para nos tornar perfeitos para toda boa obra, como também a mais perfeita
revelação de Deus ao homem (2 Tm 3.16-17; Hb 4.12).
Osiel
Gomes é vice-líder da Assembleia de Deus em Coroatá (MA) e professor de
Teologia.
Jornal Mensageiro da Paz de Julho
de 2012, Pág. 17.