domingo, 3 de novembro de 2013

TODO SONHO TEM INTRPRETAÇAO?


 

Como posso saber se os sonhos estão me dizendo alguma coisa da parte de Deus?

(Priscila Olímpio, Rio de Janeiro – RJ)

 

Osiel Gomes

 

Compreender os sonhos tem sido uma ação constante do homem, durante toda a sua existência. Historicamente, isso pode ser provado na vida de muitos povos. Por exemplo, para os judeus os sonhos serviam como uma revelação divina, mas de três maneiras eles faziam suas intepretações acerca dos sonhos: Primeiro, eles diziam que os sonhos poderiam ser interpretados espiritualmente, como revelação direta de Deus, segundo, afirmavam que os sonhos poderiam ser apenas reflexões normais da vida cotidiana, servindo como uma mensagem para melhorar alguns aspectos da vida, tanto física como material, e me terceiro, afirmavam que os sonhos poderiam ser vistos apenas como um tipo de aviso.

O filosofo Bérgon acreditava que os sonhos tinham ligação direta com os sentidos e a memória, fazendo assim uma ligação entre ambos. Sigmund Freud afirmava que os sonhos eram apenas a realização de algum desejo, que servia como um meio para livarar o homem de energias negativas. Para os fisiologistas os sonhos são apenas rações dos estímulos externos. Muitas dessas definições têm ligação com o que dizia o rei Salomão:

“Porque da muitas ocupação vêm os sonhos...” (Ec 5.3).

Nessa polissemia, quanto à questão da definição precisa dos sonhos, existem aqueles que veem os sonhos apenas como um reprocessamento mental de coisas que já aconteceram, outros, como no caso de Jung, dizia que os sonhos eram mensagens simbólicas, e através dessas mensagens poderia se buscar o equilíbrio para algumas áreas da vida. É nesse prisma que os sonhos são avaliados como solucionadores de problemas, daí a razão para muitos buscarem as interpretações dos mesmos.

Diante de tudo o que está sendo exposto, podemos fazer a seguinte indagação: até onde podemos considerar os sonhos como revelação direta de Deus para nós? Primeiro é preciso que analisemos as Escrituras, porque tanto no Velho como no Novo Testamento os sonhos não são apenas reprocessamentos mentais, reflexões da vida cotidiana, mas a maioria deles estão ali registrados como revelações direta de Deus para expressar a sua vontade (Gn 28.12; 37.5; Dn 1.7; 2.1). O mesmo acontece nas páginas áureas do Novo Testamento, os sonhos que José, os magos e a mulher de Pilatos tiveram, (Mt 1.20; 2.2-13; 27.10) não foram apenas sonhos fisiológicos ou reprocessamento mental das coisas que aconteceram, nesses sonhos estava expresso a vontade de Deus, como também o aspecto profético.

Os profetas do Velho Testamento tinham consciência que muitos sonhos não passavam apenas de reflexos vazios, coisa sem sentido, (Ec 5.7), e também sabiam que para a formação moral espiritual do povo o que deveria ser pregado era a Palavra do Senhor, pois, nem sonhos, nem visões estavam no mesmo nível dela, é isso o que diz o profeta Jeremias, (Jr 23.28).

Os sonhos podem ser considerados como uma revelação divina, quando eles trazem uma mensagem de iluminação sobre algum tipo problema, fala sobre alguma necessidade espiritual ou dá algum tipo de instrução moral. Mas o cristão sabe que a sua vida não pode ser dirigida por sonhos, visto que a Bíblia mostra que não são os sonhos que devem nos ensinar, mas sim a Palavra de Deus, é Ela que é útil e proveitosa para tudo, para nos tornar perfeitos para toda boa obra, como também a mais perfeita revelação de Deus ao homem (2 Tm 3.16-17; Hb 4.12).

 

Osiel Gomes é vice-líder da Assembleia de Deus em Coroatá (MA) e professor de Teologia.   

Jornal Mensageiro da Paz de Julho de 2012, Pág. 17.

         

 

    

sábado, 2 de novembro de 2013

QUE SINAL DEUS PÔS EM CAIM?

 
“Gênesis 4.15 diz que Deus pôs ‘sinal em Caim para que não o ferisse qualquer que o achasse’. Que sinal é esse?”
(Geú Alves de Oliveira, Maceió, AL)
 
Esdras Costa Bentho
 
Caim, esse enigmático! Os mistérios rondam a figura controversa do personagem. Por que o sacrifício oferecido não agradou a Javé? Qual o sinal de Caim? Afinal, quem era a mulher com quem se casou? Da exegese histórico-crítica à fundamentalista, todos tentam decifrar, sem sucesso, os segredos que pairam sobre sua figura cripta. Até mesmo Saramago, ganhador de vários prêmios literários, entre eles, o Nobel de Literatura (1998), ensaiou uma resposta mordaz ao dilema cainita no livro “Cain”. É impossível ler Gênesis 4 e ficar indiferente às nuanças do relato. Apesar da dificuldade em responder objetivamente a pergunta-chave, é possível uma aproximação com os elementos fundantes do texto? Acredito que sim, embora a resposta talvez não dilua todas as incertezas.
Suponho que o leitor já conheça a narrativa bíblica a respeito do fratricídio e sabe que o “sinal” foi para proteger Caim em vez de condená-lo (v.15). o sinal, no hebraico ‘ôth (semeion na LXX), é usado no Antigo Testamento mais frequentemente como um termo teológico para descrever “sinais pactuais”, como os concertos noético ((Gn 9.12-17) e abraâmico (Gn 17.11), ou “sinais milagrosos”, como as pragas (Êx 4.8). nalgumas vezes possui sentido comum (Gn 1.14; Nm 2.2), mas seu uso predominante é teológico. O “sinal de proteção" continuará como tema recorrente na Escritura, como por exemplo: (a) o sangue nos umbrais das portas (Êx 12.13); (b) à marca na testa (Ez 9.4); e (c) o selo na testa dos 144.000 (Ap 7.3). na Antiguidade o sinal/selo sobre alguém ou objeto designava a coisa selada como propriedade de alguém e, portanto, intocável por outros (Ct 4.12; 8.6; Dn 6.18; 12.4; Ef 1.13). Assim, o sinal de Javé expressa propriedade, proteção e segurança contra assassinato.
Assente o conceito teológico de ‘ôth, sinal, passemos para sua interpretação concreta. O que era o sinal? Na história da interpretação da perícope, diversas posições foram adotadas. Comecemos pelo o livro apócrifo “O Primeiro Livro de Adão e Eva”. No capítulo 79.18-25 diz que o sinal era tremer e sacudir initerruptamente. Em suma, outras posições adotadas por diversas escolas foram: cor negra, tatuagem e alguma forma de sinal sobre Caim.
Não é necessário perder tempo com a primeira posição, visto que a origem da cor negra segundo o literato estaria ligada aos descendentes de Noé. A segunda seria um tipo de marca na testa de Caim que o identificaria como protegido por Javé e ao mesmo tempo traria sobre si a ignomínia e a culpa de seu pecado. A Bíblia nunca disse que o sinal estava sobre a testa de Caim, mas pelo fato de a marca aparecer noutros contextos na fronte dos protegidos de Javé, imediatamente relacionaram o sinal cainita a esta parte. O terceiro procede de uma possível releitura do v.15. Enquanto as versões costumam traduzir “e pôs...um sinal” esta escola traduz “apontou...um sinal” e outra “estabeleceu um sinal”. O sinal não estaria em Caim, mas sobre ele, como no caso do arco, após o dilúvio, em 9.12. Deus apontou alguma espécie de sinal para Caim em vez de marca-lo. A pergunta ainda continua aberta!                
 
Esdras Costa Bentho é pastor, teólogo, pedagogo, professor na FAECAD, mestrando em Teologia pela PUC-RJ e autor dos livros Hermenêutica Fácil e Descomplicada, A Família no Antigo Testamento e Igreja Identidade e Símbolo, editados pela CPAD.    
Jornal Mensageiro da Paz de Dezembro de 2012, Pág. 17.


domingo, 20 de outubro de 2013

UM ESPÍRITO SANTO OU O ESPÍRITO SANTO?

 
“Espíritas dizem que, no grego, não aparece em algumas passagens da Bíblia o artigo definido antes de ‘Espírito Santo’, logo o certo seria ‘um espírito santo’. É verdade?”
(Marcos Santos, Rio de Janeiro – RJ)
 
José Gonçalves
 
Inicialmente, impressiona-me a forma superficial como esses autores tratam a língua grega, como se esta não fosse uma língua cheia de nuances. No apêndice do clássico dicionário da língua grega de W.E. Vine, encontramos 64 páginas dedicadas exclusivamente à análise do uso do artigo grego e das inúmeras regras que o regem.
Da mesma forma, Archibald Thomas Robertson, em sua monumental gramática de grego com suas 1.454 páginas, reserva mais de 40 delas para mostrar as várias regras que regulamentam o uso do artigo grego.
Em sua gramática de grego, o Dr. H.E. Dana trata do mesmo assunto em quase 20 páginas. Se as regras que regem o uso do artigo grego são tão complexas, como então se pode dizer tudo sobre elas em apenas um parágrafo? Além do mais, a tal regra criada por esses autores é absurda.
Vamos tentar aplicar essa regra desses em alguns textos do Novo Testamento grego.
1) Em João 1.6, leríamos: Houve um homem enviado (...) seu nome era um João”. No texto grego, o nome João não vem precedido de artigo. Pelas regras desses “eruditos”, a referência aqui deverá ser a um João qualquer e não a João Batista. Qualquer que tem bom senso e já leu o capítulo 1  de João sabe que a referência é claramente a João Batista, e não a um João qualquer.
2) Em Mateus 1.1, encontraríamos: “Livro da geração de um Jesus Cristo, filho de um Davi, filho de um Abraão”. Os nomes: Jesus Cristo, Davi e Abraão não vêm precedidos de artigo no texto grego. Mais uma vez, pela regra desses “gramáticos”, a referência aqui não deverá ser ao Senhor Jesus Cristo, nem tampouco ao rei Davi, e muito menos ao patriarca Abraão, pela simples razão dessas palavras não virem acompanhadas do artigo grego. Um absurdo.
3) Em 1 Coríntios 1.1, leríamos: “Paulo, chamado para ser apóstolo de um Cristo Jesus”. Aqui também o nome de Paulo e Jesus Cristo não são precedidos de artigo no texto grego. Alguém tem dúvidas que esse texto está se referindo a Paulo de Tarso, que tornou-se apóstolo do Senhor Jesus Cristo? Enfim, se fôssemos aplicar esses princípios criados e usados por esses interpretes, faríamos com que o texto bíblico se tornasse um verdadeiro caos.
Sobre o caso da ausência de artigo definido em algumas referências ao Espírito Santo, escreve W.E. Vine: “Em certas ocasiões se deve explicar a ausência (do artigo) pelo fato de que Pneuma (Espírito) é substancialmente um nome próprio, por exemplo João 7.39. como regra geral, o artigo está presente quando o tema do ensino é a pessoa do Espírito Santo, p.e., João 14.26, onde é mencionado o Espírito em distinção ao Pai e ao Filho”.
Archibald Thomas Robertson, considerado mundialmente a maior autoridade em língua grega do século 20, ressalta, numa referência ao mesmo assunto, que “a palavra theos (Deus), como um nome próprio, é frequentemente usado com ou sem artigo; (...) também pneuma (Espírito) e Pneuma Hagion (Espírito Santo) podem ocorrer com ou sem o artigo”.
 
José Gonçalves é pastor da AD no Piauí, formado em Teologia e Filosofia, e professor de Grego, Hebraico, Teologia Sistemática e Religiões Comparadas.   
Jornal Mensageiro da Paz de Janeiro de 2010, Pág. 17.


PROFECIA E “PROFECIAS”

 
“Quando uma profecia não é de Deus?”
(Ismael Ferreira de Freitas, Rio de Janeiro – RJ)
 
Timóteo Ramos de Oliveira
 
O julgamento apressado e sem a necessária sabedoria de uma palavra tida como profética pode resultar em dois graves perigos. O primeiro é admitir a palavra como sendo de Deus, quando não o é. O segundo perigo é atribuir o conteúdo ouvido a uma ação carnal ou maligna, quando na verdade Deus falou.
Em Provérbios 29.18, o escritor sagrado nos informa: “Não havendo profecia o povo se corrompe”. Logo, entendemos pela Palavra de Deus que a genuína profecia é uma necessidade. Paulo exorta: “Não desprezeis as profecias”, 1 Ts 5.20. Com certeza essa recomendação se refere às legítimas profecias, resultantes da operação do Espírito Santo, e não àquelas expressões que são proferidas com a vontade de quem as apresenta, provêem de sentimentos meramente naturais sem qualquer harmonia com o Espírito Santo. Um impulso do espírito humano e não precisamente a manifestação do dom de profecia (1 Co 12.10). Isso não é profecia de Deus.
Hoje se tornou usual o modismo dos chavões apresentados desde os púlpitos: “Profetiza para o teu irmão tal e tal coisa, eu vou profetizar para você que...”. parece-nos que alguém acha que pode manipular o Espírito Santo. O apóstolo Pedro declara: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia e de particular interpretação, porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum”, 2 Pe 1.20-21.
O dom nos é concedido segundo a medida da fé e nem todos têm a mesma medida de fé (Rm 12.3,6). Portanto, constituiu atropelo bíblico alguém fazer uso dos modismos acima colocados. Quando tal acontece, certamente podemos esta diante de uma profecia que não é de Deus, posto que não foi produzida pelo Espírito Santo, mas, via de regra, pelo entusiasmo natural de um orador ou mesmo de alguém que se vê muito espiritual sem atentar para o conteúdo da Palavra de Deus.
Em Deuteronômio 18.20, há a figura do profeta presumido. “Porém o profeta que presumir soberbamente de falar alguma palavra em meu nome, que eu lhe não tenha mandado falar, ou que falar em nome de outros deuses, o tal profeta morrerá”.
Esse texto parece, assaz, contundente, mas é a Palavra de Deus que precisa ser observada por aqueles que estão querendo manobrar e determinar quando e como o Espírito Santo deve atuar. Tais criaturas querem a glória para si mesmas quando o Espírito Santo não veio ao mundo se não para glorificar a Cristo (Jo 16.14).
“Credes nos seus profetas e prosperareis”, diz 2 Crônicas 20.20. Mas, vejamos bem: aqui a palavra nos chama a atenção para crermos nos autênticos profetas de Deus. Crer naqueles comprometidos com a verdade e submissos à ação do Espírito Santo. Há profetas mentirosos (Jr 5.31), profetas que veem vaidades (Lm 2.14 e Sf 3.4). Jesus advertiu-nos sobre os falsos profetas (Mt 7.14; 24.11 e Mc 13.22).
Biblicamente, a profecia pode ser apresentada diretamente através do dom, mas também pode ser originada de línguas estranhas. A fidelidade dos que falam e dos que interpretam línguas com certeza certificará a qualidade da palavra profética, mas não poderemos descuidar das três características que a profecia neotestamentária apresenta: “Consolar, exortar e edificar”, 1 Co 14.3. se a palavra profética não trás essas características ou algumas delas, não configura uma profecia de Deus, posto que contraria a sua Palavra. Cremos que toda profecia de Deus está subordinada à disciplina da sua Palavra, que é eterna.
Também somos autorizados a julgarmos as profecias (1 Co 14.26-33). Toda e qualquer palavra proferida como profecia deve ser analisada à luz do texto bíblico, e se tal exame não corresponder aos postulados sagrados, com efeito se ouviu uma falsa profecia. Não é de Deus.
Por fim, em Jeremias encontramos outro meio de sabermos se uma profecia é ou não de Deus. “O profeta que profetizar paz, somente quando se cumprir a palavra desse profeta é que será conhecido como aquele a quem o Senhor, na verdade, enviou”, Jr 28.9. Ora, quando Deus fala, Ele cumpre.
 
Timóteo Ramos de Oliveira é pastor, líder da AD em Petrópolis (RJ) e da Convenção Fraternal das ADs no Estado do Rio de Janeiro (Confraderj), e membro do Conselho de Doutrina da CGADB.     
Jornal Mensageiro da Paz de Abril de 2005, Pág. 15.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

OS ANJOS TÊM LIVRE-ARBÍTRIO?

“Lúcifer rebelou-se pelo fato de ele ter usado a liberdade de obedecer ou não a Deus?”
(David Borges Martins, Garopaba – SC)

Douglas Baptista

Aceca da queda de Satanás e suas consequências funestas, muitos cristãos questionam: Os anjos têm livre-arbítrio? Como foi possível Satanás rebelar-se? Para elucidar essas questões, analisemos os textos bíblicos que tratam do assunto.
O livre-arbítrio é o direito de decisão dado por Deus a todos os seres humanos. Deste modo, todo o ser dotado de livre-arbítrio é responsável pelas suas ações. O direito de decidir se baseia na premissa de que se pode escolher entre o bem ou o mal (Rm 1.18; 2 Pe 3.5; Hb 10.26). Assim, os anjos, como Satanás, eram dotados de livre-arbítrio, o que significa que nenhum deles estava forçado em servir ou adorar a Deus. Tinham o direito de decidir. E ao fazerem uso deste direito, uma parte deles decidiu rebelar-se. O mentor desta ação foi Lúcifer.
O nome Satanás é palavra hebraica que significa “adversário”. Conhecido também como Diabo, do grego diabolôs, que significa “acusador” ou “caluniador”. Recebe ainda o nome de Belzebu (Lc 11.15) ou Baalzebu, “senhor das moscas” (2 Rs 1.16). Igualmente peculiar é o nome Lúcifer, isto é, “brilhante estrela da manhã” (Is 14.12), em alusão à influência que exerce no mundo e nos seus habitantes (1 Jo 5.19; 2 Co 4.4). nos Evangelhos, o termo cunhado é “príncipe dos demônios” (Mc 3.22). em Apocalipse 12.3, é cunhado de “dragão” e no versículo 9, de “a antiga serpente” – ambas citações aludem à malignidade, sutileza, engano, sagacidade e poder destruidor do inimigo (Jo 8.44; 10.10).
Portanto, Satanás é um ser real e não apenas a personificação do mal (Ez 28.13). Originalmente, era um ser perfeito, irrepreensível, cheio de sabedoria e formosura (Ez 28.12-15). No entanto, mercê da alta posição ocupada como selo de medida (Ez  28.12), a sua beleza e sabedoria incharam-lhe o coração e a iniquidade floresceu em seu caminho (Ez 28.15-17). Ao fomentar a iniquidade, Lúcifer cheio de orgulho e soberba, fez uso do livre-arbítrio para rebelar-se contra Deus. o texto de Apocalipse 12.4 indica que o poder de influenciar e a astúcia de Lúcifer arrastaram consigo uma terça parte dos anjos na oposição contra Deus. como resultado dessa obstinada empreitada, Lúcifer e seus asseclas foram banidos da presença de Deus (Ez 28.17-19; Ap 12.4). Porém esse ato de rebeldia não ficou restrito às regiões celestes. Satanás, ao ser expulso, começou a coagir também os homens para integrar seu plano de altivez contra Deus (Mc 7.22; 2 Pe 2.18; 2 Co 12.20). Essas ações têm trazido resultados desastrosos para a humanidade. Fica comprovado deste modo que todo ser dotado de vontade, quando escolhe o mal em lugar do bem, produz consequências terríveis para si e para outros.
Diante destes fatos, concluímos, primeiro, que Deus não é a fonte do mal; segundo, que Ele deu aos seres criados, inclusive aos anjos, liberdade para decidir; terceiro, todas as ações cometidas sofrerão juízo. E por fim, fica claro que todos aqueles que decidem seguir o caminho do pecado e do mal sofrem desilusão e a merecida condenação.       

Douglas Roberto de A. Baptista é pastor na Assembleia de Deus em Brasília (DF), presidente do Conselho de Educação da CGADB, formado em Filosofia e com mestrado e doutorado em Teologia.   
Jornal Mensageiro da Paz de Novembro de 2012, Pág. 17.
         


    

JEJUAR SÓ POR BENÇÃO MATERIAL É CERTO?

“É lícito um crente jejuar apenas para pedir a Deus bens materiais?”
(Rozana Paz – Catete, SE)

Nemuel Kessler

O jejum é uma benção como recurso aliado da oração, uma arma secreta do crente e uma forma de demonstrar a Deus a nossa imensa necessidade da Sua ajuda e dependência que temos dEle.
Jesus disse para os discípulos: “E quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que os aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”. Jesus não estava condenando o jejum, mas a hipocrisia de se jejuar para se alcançar a aprovação pública. Os fariseus jejuavam voluntariamente duas vezes por semana, a fim de impressionar o povo por sua santidade. Jesus não condena o jejum propriamente dito, somente o jejuar com ostentação, não devendo se realizar diante dos olhos dos homens, mas diante de Deus, que vive em segredo e vê o lugar secreto,. Em Atos 13.3, vemos que, na igreja cristã, a oração tinha o apoio do jejum. Mas, a recomendação de Jesus foi que isso fosse feito discretamente.
Jejuar não é uma maneira de negociarmos com Deus o que queremos, e nem algo para parecer que somos mais espirituais que as outras pessoas. Também não significa busca por bênçãos ,materiais. Neemias, sabendo o triste estado de Jerusalém, ora a Deus, assentando-se e chorando, lamentando por alguns dias e jejuando e orando perante o Deus dos céus. O jejum está sempre vinculando à oração (Ne 1.4), eles constantemente se acompanham (Jr 14.11,12). É a oportunidade que temos de mostrar a Deus a premência de nossa necessidade declarada na oração, a nossa necessidade de passarmos um tempo com Ele, aprendendo a mansidão e gratidão “que fazem lembrar que podemos viver com muito menos e apreciar as dádivas de Deus”.
Jesus jejuou e teve a oportunidade de ensinar a respeito do jejum. Porém, muitos tomam o jejum e usam-no para tentar conseguir que Deus faça o que desejam. E muitas vezes isso se acentua de tal maneira que a pessoa pensa que, com o jejum, pode-se-ia ter o mundo, inclusive Deus, “comendo em nossas mãos”, como dizem.
O Jejum distingue-se da greve de fome, cujo propósito é adquirir poder político ou atrair a atenção para uma boa causa. Também não se trata de dieta de saúde com propósitos físicos e não espirituais o propósito central do jejum é centrar-se em Deus, concentrar-se em finalidades espirituais. Ele ajuda-nos a manter o nosso equilíbrio de vida. A obra do jejum bíblico está no reino espiritual. Lemos em atos dos Apóstolos que os líderes cristãos costumavam jejuar quando iam escolher missionários e líderes das igrejas locais. Isso se constituía num poderoso meio de buscar a orientação divina sem medo de errarem. Na verdade, o jejum vem a ser um auxílio poderoso na busca pela orientação de Deus, muito embora, por si mesmo, sendo utilizado como rito vazio, não tenha valor algum, conforme os fariseus erradamente supunham.
O jejum não garante que a oração será atendida. No caso de Davi (2 Sm 12), vê-se o registro de como lhe feriu ter feito mal diante dos olhos de Deus, tomando a mulher de seu próximo. A sentença lhe foi proferida, cuja espada jamais se afastaria de sua casa. Isso lhe custou chorar amargamente desejando que Deus preservasse a vida do filho que concebeu num relacionamento adúltero com Betseba. Não respondeu Deus a sua oração, nem honrou o jejum de Davi nesse caso específico. Mesmo quando se ora fervorosamente e em jejum, isso não significa garantia absoluta de uma resposta. Paulo, homem de oração e jejuns, não obteve resposta de cura para o “espinho na carne” que tanto lhe afligia. A resposta de Deus foi outra: “A minha graça te basta” (2 Co 12.7-10). Deus sempre é soberano para responder ou não à oração que fazemos no dever de sempre nos submetermos à Sua vontade.

Nemuel Kessler é líder da Assembleia de Deus em Parque Anchieta (RJ), escritor, administrador, membro da Casa de Letras Emílio Conde, presidente da Sociedade Bíblica Unida – SBU.
Jornal Mensageiro da Paz de Novembro de 2011, Pág. 17.
 
   

  


QUAL É A VERDADEIRA CURA INTERIOR?

“Fala-se muito em cura interior hoje. Porém, ouve-se também muita coisa errada a respeito desse assunto. Afinal, qual a verdadeira cura interior à luz da Bíblia?”
(Josiane Monteiro, Sarandi – PR)

Elinaldo Renovato

Muitas pessoas sofrem de tristeza, depressão angústia, ira, ressentimentos, mágoas, síndrome de pânico sem haver razão lógica para tal, ódio, tendência ao suicídio, tudo isso causando tensão emocional, que é o inimigo número um da saúde mental e física. Diante desses males, que afligem até pessoas cristãs, tem surgido uma verdadeira panacéia místico-religiosa oferecendo cura interior por métodos que não condizem com os princípios da Palavra de Deus, que é o nosso Manual ou Vade Mecum para a cura do espírito, da alma e do corpo.
Em vez de buscarem na Bíblia os métodos para a cura interior, que são a oração a Deus em nome de Jesus, o jejum e a orientação com base nas poderosas palavras inspiradas pelo Espírito Santo, os “profissionais” da cura interior chegam a tomar emprestados métodos estranhos do espiritismo, da hipnose, do Hinduísmo e de outros movimentos e filosofias que contrariam a Palavra de Deus. Alguns perigos nessa terapia espiritual estranha são a regressão espiritual, a maldição hereditária e a confissão positiva ou poder da mente. Ora, a verdadeira cura interior caracteriza-se pela libertação dos pecados, de traumas interiores e mágoas ou ressentimentos, e não por “quebra” de maldições e/ou encantamentos ou pelo uso do poder da mente e de técnicas de regressão.
A mais terrível doença interior chama-se pecado. É tão grave que é comparada a uma chaga horrível. Essa “enfermidade”, a que se referia o profeta Isaías (Is 1.6) é espiritual e sem qualquer possibilidade de cura pelos meios humanos. No entanto, quando a pessoa aceita Cristo como Salvador, Seu sangue o purifica de todo pecado (Rm 6.23). Aí está a única e eficaz solução para a cura interior da enfermidade provocada pelo pecado: o doente entregar sua vida nas mãos de Jesus, verdadeiramente arrependido, e confessando seus pecados ao Senhor (1 Jo 1.9). Nenhuma outra terapia fará efeito na alma contaminada pelo pecado. Só pelo sangue de Jesus o homem obtém a cura interior.
Quanto aos traumas interiores, há pessoas que sofrem determinados distúrbios ou desvios de personalidade em virtude de terem sofrido sérios traumas emocionais em sua infância ou em outros momentos da vida. Para pessoas que sofrem desses males interiores, a Bíblia tem uma psicoterapia divina. É um processo que não é simples, mas viável para quem o aceita. Primeiro, a vítima de traumas interiores deve reconhecer que tem um problema de ordem espiritual e emocional. Segundo, deve buscar a Deus em oração, contando-lhe todo o seu problema interior (Sl 37.1,5,7) – Jesus liberta (Jo 8.36); Ele mandou curar os enfermos em Seu nome (Mc 16.17-18). E em terceiro lugar, perdoar o ofensor (Mt 6.12). o perdão é indispensável para que se alcance a cura dos trauma sofridos em qualquer época da vida. É um bálsamo que pode sarar as feridas da alma do ofendido e do ofensor. Seu efeito terapêutico é extraordinário.
Quanto às mágoas e aos ressentimentos, o caminho para a cura não é a murmuração e tampouco a vingança. Leia Filipenses 4.6-7. Essa “paz de Deus” a qual Paulo se refere ali, enche o coração daqueles que, em obediência a Deus, perdoam, amam, e oram pelos seus inimigos. Jesus mandou amar os inimigos (Mt 5.44). Esse é o caminho para cura interior ante as mágoas e ressentimentos.            

Elinaldo Renovato é ministro evangélico, comentarista de Lições Bíblias da CPAD, articulista, conferencista e escritor.
Jornal Mensageiro da Paz de Janeiro de 2010, Pág. 17.