“Quando
uma profecia não é de Deus?”
(Ismael
Ferreira de Freitas, Rio de Janeiro – RJ)
Timóteo Ramos de
Oliveira
O julgamento
apressado e sem a necessária sabedoria de uma palavra tida como profética pode
resultar em dois graves perigos. O primeiro é admitir a palavra como sendo de
Deus, quando não o é. O segundo perigo é atribuir o conteúdo ouvido a uma ação
carnal ou maligna, quando na verdade Deus falou.
Em Provérbios 29.18,
o escritor sagrado nos informa: “Não havendo profecia o povo se corrompe”.
Logo, entendemos pela Palavra de Deus que a genuína profecia é uma necessidade.
Paulo exorta: “Não desprezeis as profecias”, 1 Ts 5.20. Com certeza essa
recomendação se refere às legítimas profecias, resultantes da operação do
Espírito Santo, e não àquelas expressões que são proferidas com a vontade de
quem as apresenta, provêem de sentimentos meramente naturais sem qualquer
harmonia com o Espírito Santo. Um impulso do espírito humano e não precisamente
a manifestação do dom de profecia (1 Co 12.10). Isso não é profecia de Deus.
Hoje se tornou usual
o modismo dos chavões apresentados desde os púlpitos: “Profetiza para o teu
irmão tal e tal coisa, eu vou profetizar para você que...”. parece-nos que
alguém acha que pode manipular o Espírito Santo. O apóstolo Pedro declara:
“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia e de particular
interpretação, porque a profecia nunca
foi produzida por vontade de homem algum”, 2 Pe 1.20-21.
O dom nos é concedido
segundo a medida da fé e nem todos têm a mesma medida de fé (Rm 12.3,6).
Portanto, constituiu atropelo bíblico alguém fazer uso dos modismos acima
colocados. Quando tal acontece, certamente podemos esta diante de uma profecia
que não é de Deus, posto que não foi produzida pelo Espírito Santo, mas, via de
regra, pelo entusiasmo natural de um orador ou mesmo de alguém que se vê muito
espiritual sem atentar para o conteúdo da Palavra de Deus.
Em Deuteronômio
18.20, há a figura do profeta presumido. “Porém o profeta que presumir soberbamente de falar alguma
palavra em meu nome, que eu lhe não tenha mandado falar, ou que falar em nome
de outros deuses, o tal profeta morrerá”.
Esse texto parece,
assaz, contundente, mas é a Palavra de Deus que precisa ser observada por
aqueles que estão querendo manobrar e determinar quando e como o Espírito Santo
deve atuar. Tais criaturas querem a glória para si mesmas quando o Espírito
Santo não veio ao mundo se não para glorificar a Cristo (Jo 16.14).
“Credes nos seus
profetas e prosperareis”, diz 2 Crônicas 20.20. Mas, vejamos bem: aqui a
palavra nos chama a atenção para crermos nos autênticos profetas de Deus. Crer
naqueles comprometidos com a verdade e submissos à ação do Espírito Santo. Há
profetas mentirosos (Jr 5.31), profetas que veem vaidades (Lm 2.14 e Sf 3.4).
Jesus advertiu-nos sobre os falsos profetas (Mt 7.14; 24.11 e Mc 13.22).
Biblicamente, a
profecia pode ser apresentada diretamente através do dom, mas também pode ser
originada de línguas estranhas. A fidelidade dos que falam e dos que
interpretam línguas com certeza certificará a qualidade da palavra profética,
mas não poderemos descuidar das três características que a profecia
neotestamentária apresenta: “Consolar, exortar e edificar”, 1 Co 14.3. se a
palavra profética não trás essas características ou algumas delas, não
configura uma profecia de Deus, posto que contraria a sua Palavra. Cremos que
toda profecia de Deus está subordinada à disciplina da sua Palavra, que é
eterna.
Também somos
autorizados a julgarmos as profecias (1 Co 14.26-33). Toda e qualquer palavra
proferida como profecia deve ser analisada à luz do texto bíblico, e se tal
exame não corresponder aos postulados sagrados, com efeito se ouviu uma falsa
profecia. Não é de Deus.
Por fim, em Jeremias
encontramos outro meio de sabermos se uma profecia é ou não de Deus. “O profeta
que profetizar paz, somente quando se cumprir a palavra desse profeta é que
será conhecido como aquele a quem o Senhor, na verdade, enviou”, Jr 28.9. Ora,
quando Deus fala, Ele cumpre.
Timóteo
Ramos de Oliveira é pastor, líder da AD em Petrópolis (RJ) e da Convenção
Fraternal das ADs no Estado do Rio de Janeiro (Confraderj), e membro do
Conselho de Doutrina da CGADB.
Jornal Mensageiro da Paz de Abril
de 2005, Pág. 15.
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