domingo, 20 de outubro de 2013

PROFECIA E “PROFECIAS”

 
“Quando uma profecia não é de Deus?”
(Ismael Ferreira de Freitas, Rio de Janeiro – RJ)
 
Timóteo Ramos de Oliveira
 
O julgamento apressado e sem a necessária sabedoria de uma palavra tida como profética pode resultar em dois graves perigos. O primeiro é admitir a palavra como sendo de Deus, quando não o é. O segundo perigo é atribuir o conteúdo ouvido a uma ação carnal ou maligna, quando na verdade Deus falou.
Em Provérbios 29.18, o escritor sagrado nos informa: “Não havendo profecia o povo se corrompe”. Logo, entendemos pela Palavra de Deus que a genuína profecia é uma necessidade. Paulo exorta: “Não desprezeis as profecias”, 1 Ts 5.20. Com certeza essa recomendação se refere às legítimas profecias, resultantes da operação do Espírito Santo, e não àquelas expressões que são proferidas com a vontade de quem as apresenta, provêem de sentimentos meramente naturais sem qualquer harmonia com o Espírito Santo. Um impulso do espírito humano e não precisamente a manifestação do dom de profecia (1 Co 12.10). Isso não é profecia de Deus.
Hoje se tornou usual o modismo dos chavões apresentados desde os púlpitos: “Profetiza para o teu irmão tal e tal coisa, eu vou profetizar para você que...”. parece-nos que alguém acha que pode manipular o Espírito Santo. O apóstolo Pedro declara: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia e de particular interpretação, porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum”, 2 Pe 1.20-21.
O dom nos é concedido segundo a medida da fé e nem todos têm a mesma medida de fé (Rm 12.3,6). Portanto, constituiu atropelo bíblico alguém fazer uso dos modismos acima colocados. Quando tal acontece, certamente podemos esta diante de uma profecia que não é de Deus, posto que não foi produzida pelo Espírito Santo, mas, via de regra, pelo entusiasmo natural de um orador ou mesmo de alguém que se vê muito espiritual sem atentar para o conteúdo da Palavra de Deus.
Em Deuteronômio 18.20, há a figura do profeta presumido. “Porém o profeta que presumir soberbamente de falar alguma palavra em meu nome, que eu lhe não tenha mandado falar, ou que falar em nome de outros deuses, o tal profeta morrerá”.
Esse texto parece, assaz, contundente, mas é a Palavra de Deus que precisa ser observada por aqueles que estão querendo manobrar e determinar quando e como o Espírito Santo deve atuar. Tais criaturas querem a glória para si mesmas quando o Espírito Santo não veio ao mundo se não para glorificar a Cristo (Jo 16.14).
“Credes nos seus profetas e prosperareis”, diz 2 Crônicas 20.20. Mas, vejamos bem: aqui a palavra nos chama a atenção para crermos nos autênticos profetas de Deus. Crer naqueles comprometidos com a verdade e submissos à ação do Espírito Santo. Há profetas mentirosos (Jr 5.31), profetas que veem vaidades (Lm 2.14 e Sf 3.4). Jesus advertiu-nos sobre os falsos profetas (Mt 7.14; 24.11 e Mc 13.22).
Biblicamente, a profecia pode ser apresentada diretamente através do dom, mas também pode ser originada de línguas estranhas. A fidelidade dos que falam e dos que interpretam línguas com certeza certificará a qualidade da palavra profética, mas não poderemos descuidar das três características que a profecia neotestamentária apresenta: “Consolar, exortar e edificar”, 1 Co 14.3. se a palavra profética não trás essas características ou algumas delas, não configura uma profecia de Deus, posto que contraria a sua Palavra. Cremos que toda profecia de Deus está subordinada à disciplina da sua Palavra, que é eterna.
Também somos autorizados a julgarmos as profecias (1 Co 14.26-33). Toda e qualquer palavra proferida como profecia deve ser analisada à luz do texto bíblico, e se tal exame não corresponder aos postulados sagrados, com efeito se ouviu uma falsa profecia. Não é de Deus.
Por fim, em Jeremias encontramos outro meio de sabermos se uma profecia é ou não de Deus. “O profeta que profetizar paz, somente quando se cumprir a palavra desse profeta é que será conhecido como aquele a quem o Senhor, na verdade, enviou”, Jr 28.9. Ora, quando Deus fala, Ele cumpre.
 
Timóteo Ramos de Oliveira é pastor, líder da AD em Petrópolis (RJ) e da Convenção Fraternal das ADs no Estado do Rio de Janeiro (Confraderj), e membro do Conselho de Doutrina da CGADB.     
Jornal Mensageiro da Paz de Abril de 2005, Pág. 15.


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