sexta-feira, 11 de outubro de 2013

JEJUAR SÓ POR BENÇÃO MATERIAL É CERTO?

“É lícito um crente jejuar apenas para pedir a Deus bens materiais?”
(Rozana Paz – Catete, SE)

Nemuel Kessler

O jejum é uma benção como recurso aliado da oração, uma arma secreta do crente e uma forma de demonstrar a Deus a nossa imensa necessidade da Sua ajuda e dependência que temos dEle.
Jesus disse para os discípulos: “E quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que os aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”. Jesus não estava condenando o jejum, mas a hipocrisia de se jejuar para se alcançar a aprovação pública. Os fariseus jejuavam voluntariamente duas vezes por semana, a fim de impressionar o povo por sua santidade. Jesus não condena o jejum propriamente dito, somente o jejuar com ostentação, não devendo se realizar diante dos olhos dos homens, mas diante de Deus, que vive em segredo e vê o lugar secreto,. Em Atos 13.3, vemos que, na igreja cristã, a oração tinha o apoio do jejum. Mas, a recomendação de Jesus foi que isso fosse feito discretamente.
Jejuar não é uma maneira de negociarmos com Deus o que queremos, e nem algo para parecer que somos mais espirituais que as outras pessoas. Também não significa busca por bênçãos ,materiais. Neemias, sabendo o triste estado de Jerusalém, ora a Deus, assentando-se e chorando, lamentando por alguns dias e jejuando e orando perante o Deus dos céus. O jejum está sempre vinculando à oração (Ne 1.4), eles constantemente se acompanham (Jr 14.11,12). É a oportunidade que temos de mostrar a Deus a premência de nossa necessidade declarada na oração, a nossa necessidade de passarmos um tempo com Ele, aprendendo a mansidão e gratidão “que fazem lembrar que podemos viver com muito menos e apreciar as dádivas de Deus”.
Jesus jejuou e teve a oportunidade de ensinar a respeito do jejum. Porém, muitos tomam o jejum e usam-no para tentar conseguir que Deus faça o que desejam. E muitas vezes isso se acentua de tal maneira que a pessoa pensa que, com o jejum, pode-se-ia ter o mundo, inclusive Deus, “comendo em nossas mãos”, como dizem.
O Jejum distingue-se da greve de fome, cujo propósito é adquirir poder político ou atrair a atenção para uma boa causa. Também não se trata de dieta de saúde com propósitos físicos e não espirituais o propósito central do jejum é centrar-se em Deus, concentrar-se em finalidades espirituais. Ele ajuda-nos a manter o nosso equilíbrio de vida. A obra do jejum bíblico está no reino espiritual. Lemos em atos dos Apóstolos que os líderes cristãos costumavam jejuar quando iam escolher missionários e líderes das igrejas locais. Isso se constituía num poderoso meio de buscar a orientação divina sem medo de errarem. Na verdade, o jejum vem a ser um auxílio poderoso na busca pela orientação de Deus, muito embora, por si mesmo, sendo utilizado como rito vazio, não tenha valor algum, conforme os fariseus erradamente supunham.
O jejum não garante que a oração será atendida. No caso de Davi (2 Sm 12), vê-se o registro de como lhe feriu ter feito mal diante dos olhos de Deus, tomando a mulher de seu próximo. A sentença lhe foi proferida, cuja espada jamais se afastaria de sua casa. Isso lhe custou chorar amargamente desejando que Deus preservasse a vida do filho que concebeu num relacionamento adúltero com Betseba. Não respondeu Deus a sua oração, nem honrou o jejum de Davi nesse caso específico. Mesmo quando se ora fervorosamente e em jejum, isso não significa garantia absoluta de uma resposta. Paulo, homem de oração e jejuns, não obteve resposta de cura para o “espinho na carne” que tanto lhe afligia. A resposta de Deus foi outra: “A minha graça te basta” (2 Co 12.7-10). Deus sempre é soberano para responder ou não à oração que fazemos no dever de sempre nos submetermos à Sua vontade.

Nemuel Kessler é líder da Assembleia de Deus em Parque Anchieta (RJ), escritor, administrador, membro da Casa de Letras Emílio Conde, presidente da Sociedade Bíblica Unida – SBU.
Jornal Mensageiro da Paz de Novembro de 2011, Pág. 17.
 
   

  


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